Homossexual por Natureza, VI
Atração entre iguais 01/06
Atração entre iguais 01/06
Pesquisa inédita revela que é freqüente a atração entre animais do mesmo sexo.
Em 1988, depois de deixar a Universidade de British Columbia, no Canadá, o biólogo americano Bruce Bagemihl esqueceu que existiam instituições de pesquisa. Decidido a trabalhar por conta própria, passou dez anos revirando tudo o que se publicara sobre o comportamento sexual dos animais. Caçou artigos escondidos em jornais obscuros, resgatou trabalhos divulgados há mais de 200 anos e entrevistou zoólogos para tirar deles dados que eles próprios preferiam não publicar.
O resultado são as 750 páginas do impressionante Biological Exuberance - Animal Homosexuality and Natural Diversity (Exuberância Biológica - Homossexualidade Animal e Diversidade Natural), publicado este ano nos Estados Unidos. O livro apresenta provas mais do que convincentes, irrefutáveis, de que o velho modelo "macho com fêmea para criar filhotes" é uma pequena parte da história.
Bicho não cozinha
Bagemihl analisou 450 espécies, principalmente de mamíferos e aves, todas praticantes, em maior ou menor grau, de hábitos homossexuais. De saída, ele rechaça a insinuação de que seu trabalho pretende justificar o homossexualismo em humanos mostrando que é natural entre os animais. "Animais fazem muitas coisas que os humanos não acham aceitáveis, como canibalismo e incesto. Nós também fazemos várias coisas que eles não fazem, como usar roupas ou cozinhar", disse à SUPER.
O mérito inegável do livro é ter feito a primeira pesquisa completa sobre um assunto tão fundamental e controverso. A conclusão surpreendeu os biólogos que ainda acreditam que só se faz sexo para produzir filhotes. Com Bagemihl, surgiu uma idéia nova na Biologia - a de que, apesar de não gerar descendentes, o homossexualismo faz parte do dia-a-dia de um número enorme de espécies.
- Créditos: SuperInteressante
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